Sozinhos na solidão
Quem alcança
a amizade consigo mesmo vive melhor em sua própria companhia.
Antes de
qualquer coisa, é importante deixar claro que existe o estar sozinho e a
solidão. Podemos ficar sozinhos por circunstâncias da vida. É a situação da
pessoa idosa que perde o cônjuge, por exemplo. Sozinhos também ficam aqueles
que se separam ou as pessoas que saem de sua terra para residir no exterior. Há
ainda os casos de enfermidades crônicas e de longa duração, pelas quais, depois
de algum tempo, o enfermo não é mais o foco de atenção. Penso que Paulo
experimentou esse tipo de solidão quando estava preso em Roma. O apóstolo
relata, na carta que escreveu ao jovem Timóteo, que fora abandonado por
diversas pessoas que estiveram presentes em outros momentos de sua vida. Demas
foi um deles – ele fora atraído pelos apelos do mundo e abandonara a vida cristã
ao lado de Paulo.
Crescente e Tito tinham viajado em missão para outras
cidades, e Alexandre acabou lhe causando muitos males. Paulo, então, se vê só e
desamparado, e expressa isso em sua carta
A solidão, em
si, não é maléfica, mesmo que dolorida. Porém, uma pessoa, na tentativa de
fugir do sofrimento que a solidão acarreta, pode buscar meios e caminhos
destrutivos, como drogas ou álcool, excesso de medicação, vida sexual
desregrada, fanatismo religioso ou trabalho exagerado. Todas essas coisas
trazem conseqüências desastrosas e não resolvem absolutamente nada quanto à
sensação de solidão. Pelo contrário – são opções cujos efeitos, uma vez
terminados, atiram o indivíduo em uma sensação de solidão ainda maior, além de
provocar o afastamento até mesmo das pessoas que lhe estavam próximas.
É na história
de Paulo que podemos tirar algumas lições de como lidar com o estar só e com a
solidão. Ao amigo Timóteo, além de relatar sua situação e confessar o abandono
em que se encontrava, ele pede a presença dele e a de Marcos, outro amigo que
lhe seria útil. E ainda alista coisas que ele precisava, como livros e uma capa
para se aquecer no frio da masmorra. Vale lembrar, acima de tudo, Cristo
experimentou a mais terrível solidão no Calvário, a ponto de bradar em alta voz
e questionar o pai pela razão de tal abandono. Ora, se o caminho da solidão já
foi trilhado pelo Deus feito homem, então também podemos atravessá-lo e chegar
ao outro lado mais integrados e com mais recursos para caminhar com outros
solitários.
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