Fé e esperança fortalece pacientes na luta contra o câncer
A medicina vive um período de grandes progressos
tecnológicos e científicos. Mas mesmo com tantos avanços, sobram exemplos para
mostrar que a fé continua a desempenhar papel importante no tratamento do
câncer, como um poderoso aliado para enfrentar a doença. “É como se o paciente
se sentisse mais fortalecido”, explica a psico-oncologista Cristina Haas
Tarabay, do AC Camargo Cancer Center.
Buscar forças em um momento de fragilidade é uma reação
natural. Diante do diagnóstico, o paciente ultrapassa a crença na medicina e
também busca amparo em um universo de considerações religiosas e metafísicas.
Para a especialista, cultivar a espiritualidade é também uma tentativa de
recuperar o bem-estar, a autoconfiança e a autoestima. “O bem estar espiritual
nada mais é do que se sentir em paz. Dentro de um tratamento oncológico, é
saber que você está fazendo tudo o que precisa ser feito, com tranquilidade e
confiança, tanto no corpo clínico como em si mesmo”, diz.
Para a antropóloga Maria Cecília Minayo, da Escola
Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, não há conflito algum entre a medicina e
a fé. A pesquisadora ensina que a ideia de uma aparente polaridade vem da
perspectiva de uma medicina cada vez mais associada à tecnologia, como a
própria síntese da ciência moderna, enquanto a fé é comumente associada a
crenças primitivas. Na realidade prática, no entanto, não são visões
contrárias, mas que mostram uma concepção plural diante da experiência com o
adoecimento.
Fé contribui para adesão no tratamento
Confiança e fé, funcionam mesmo como sinônimos. Afinal, é
preciso acreditar, confiar. O paciente precisa encontrar muita força para
enfrentar um tratamento oncológico, que muitas vezes envolve um desgaste físico
e emocional. Ter a fé como companhia melhora até a aderência ao tratamento”,
garante Cristina.
E apesar de ser reconfortante para o paciente saber que
existem opções de tratamento, saber que a ciência evoluiu a ponto de
possibilitar prognósticos melhores e, em alguns casos, até a cura ou remissão
da doença, o paciente se apega mesmo é na fé. “Quando falamos que se ele tomar
o remédio vai melhorar, o que o paciente responde? Se Deus quiser, doutor. O
que ele está dizendo? Que tem fé”, exemplifica o geriatra Fábio Nasri.
Diálogo possível
Hoje em dia, questões de fé e ligadas à espiritualidade
cristã também chegam ao consultório e à rotina dos profissionais de saúde. “Nós
temos que saber conversar sobre isso, discutir de uma forma aberta o que o
paciente está trazendo e perceber que essa espiritualidade é importante para
ajudá-lo a se manter estável psicologicamente e enfrentar o tratamento de
maneira mais tranquila. Isso fortalece o vínculo na relação médico-paciente, o
que é essencial, principalmente no tratamento do câncer”, explica Cristina.
Por essas e outras, é importante que o paciente encontre
um espaço de diálogo e de aproximação. Assim, a questão da espiritualidade pode
ter lugar dentro de uma consulta médica, como um momento de reflexão conjunta.
Para Nasri, não só os pacientes, mas muitos médicos também gostariam de
conversar sobre espiritualidade e fé. O American College of Clinicians (ACC)
propõe quatro perguntas que o médico deve fazer ao seu paciente: 1 – se a fé é
importante para você nessa doença; 2 – se a fé tem sido importante para você; 3
– se você conversa com alguém sobre esse tipo de assunto; e 4- se gostaria de
tratar sobre esse assunto com alguém. “O que queremos saber do paciente é como
a espiritualidade cristã pode ser um parceiro no tratamento”, diz.
#Fernanda em tratamento sem perder o sorriso no rosto |
No dia 28 de abril de 2014, Fernanda recebeu o
diagnóstico que considera até hoje as piores quatro linhas da sua vida. “Foi
constatado um câncer metastático de mama, com suspeita de ter se espalhado para
o sistema linfático e pulmão. “Aos olhos humanos eu tinha aproximadamente três
meses para poder fazer alguma coisa e continuar a viver.”
Hoje, Fernanda afirma viver a vida com muito mais
plenitude, e cada momento com muito mais intensidade. “Sou muito feliz. Tenho
minha família que amo muito mais do que antes. Tenho meus maravilhosos amigos
[muitos dos quais conheceu durante o tratamento] e tenho uma história de amor
com aquele que me deu uma nova vida. Sou muito grata a meus pais, pois foi
através da educação que eles me deram que pude começar a enfrentar esta
batalha. Já a continuidade do tratamento dela foi com Deus guiando meus
passos.”
Mulheres como Fernanda que passam ou passaram pela
batalha contra a doença sem perder a fé e a esperança da cura de uma das
enfermidades que mais atingem mulheres de todas as idades do mundo.
O fruto, às vezes, demora um dia, uma semana, quinze
dias, vinte dias, não deixes, neste interin que Satanás te roube o que eu semeei
esta manhã. Os frutos são a nossa saúde. A terra é o teu coração. A semente é a
Palavra de Deus.
Assim seja, assim disse o Senhor
Pesquisa | Instituto vencer o câncer
Foto | Gule
Fotografias
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